terça-feira, 19 de outubro de 2010





Preciso de um, qualquer, processo catalisador que transporte para fora do meu peito esta angústia…
Uma vez mais busco faze-lo através da escrita,
Retirar a dor de dentro de mim passando-a para o papel,
Através de palavras,
Com a força que q as palavras têm.
Talvez não passe disso mesmo, de juntar palavras soltas,
Mas para mim as palavras, são detentoras de uma grande força,
Têm uma função primordial ao nível da relação humana,           
E a sua ausência pode ser redutor em qualquer relação.
O calar as palavras que queremos gritar para fora de nós,
Pode silenciar para sempre um afecto,
Pode ser devastador e até destruir um amor...
Numa relação embrulhar os nossos sentires, desejos e vontades nos do outro nem sempre é fácil (raramente é)…
No decorrer da nossa história, muitas são as relações que nos magoam,
Que nos deixam marcas impressas para sempre,
O mais difícil é a dada altura deixar emergir dessas marcas novamente a capacidade de amar e de nos entregarmos ao outro….
Nas várias escolhas que fazem uma vida por vezes escolhemos não amar…
Uma estratégia defensiva (talvez um pouco cobarde) mas por vezes a única possível,
Quase como um meio de sobrevivência…
Mas muitas vezes acontece a quem (de forma consciente faz a escolha de não se deixar amar de novo, tropeçar num olhar, num sorriso, num beijo que se transforma num grande amor!!
Assim, a medo aceita-se uma vez mais o amor com toda a sua intensidade, e capacidade de uma vez mais nos ferirem, magoarem… mas também abrindo um vasto leque de experiências, sensações, sentires que nos elevam a um estado de embriaguez continuo…
Nesse processo o mais difícil é deixar o outro entrar pelo nosso mundo a dentro, fazer cedências, e o mais importante é querermos dar mais e melhor de nós para preencher o outro com o muito que vamos descobrindo que queremos oferecer a cada dia que passa da relação…
Damos, recebemos, trocamos, amamos…deixamo-nos perder naqueles braços que nos transportam para um outro lado de nós, para um abrigo…
O que nos desaponta é quando os braços que nos contêm, a mão que segura a nossa enquanto adormecemos, não conseguem percepcionar a angústia que está dentro do peito que abraçam!
O que nos desaponta é quando o outro espreita pelos nossos olhos e não consegue ver o que se esconde por de trás dos olhos que observa, quando não consegue ver as lágrimas contidas por trás desse olhar…
Quando espreita, sem ver…
Quando toca, sem sentir…

Sintra, 30 de Agosto de 2010

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