quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Todos os dias invariavelmente me fazes falta...


Sintra, 6 de Outubro de 2006


Pai,
Todos os dias invariavelmente me fazes falta,

todos sem excepção sinto a tua falta,
todos os dias a dôr da tua ausência no meu peito...

A ausência do teu riso,
do teu cheiro,
do teu toque,
de ti,
no seu todo!!
Tudo seria menos doloroso,se, de tempos a tempos,
como se de um remédio se tratasse,
nos deixassem ver,
abraçar,
cheirar de novo...aqueles que partiram....
podiam ser apenas cinco minutos,
mas seriam os melhores de um ano inteiro, que fez da tua partida!!

Sinto uma enorme saudade do teu cheiro,
volta e meia cheiro o teu perfume,
mas é apenas uma fragancia,
que estava colada no teu cheiro...
falta-lhe o seu melhor,
o cheiro que a tua pele lhe dava!!
Cresci com essa fragância,
é uma das referências da minha infância...
Abusavas sempre do perfume,
por vezes ralhava contigo por isso...
Mas no decorrer do dia,
esse perfume ia ganhando mais o cheiro da tua pele,
e ficava algo muito agradável...

Sinto falta, muita, do teu toque,
da tua pele,
das tuas mãos,
de tocar as tuas mãos...
As últimas 24h que passei contigo,
já o teu corpo sem vida,
toquei tantas vezes quantas pude nas tuas mãos,
entrelacei os meus dedos nos teus,
imaginei que me davas a mão uma última vez...
tentei encher uma qualquer parte de mim,
da sensação de tocar a tua pele,
sempre tão macia, seda,
dei-te as mãos guardei esse sentir,
como se pudesse de tempos a tempos,
ir buscar um pouco dessa sensação...
mas bem procuro dentro de mim onde ficou guardado tudo isso,
esse tesouro,
mas não encontro!!

Consigo apenas encontrar,
uma memória do que era a tua pele,
sentir o teu toque...
Mas não consigo encontrar em mim a sensação de te tocar...
Sinto falta de ouvir a tua voz,
sinto falta de te ouvir dizer disparates,
ninguém tem tanta piada como tu!!
Ninguém me faz rir como tu fazias...
Ninguem me diz as parvoices que tu dizias...

Diziam-me quando no início chorava a dôr da tua partida,
"com o tempo isso passa" (sic.)
Pergunto-me, agora, passado um ano,
afinal que raio de tempo é esse a que se referiam??
Sinto muito, mas não é verdade...
Não existe tempo suficiente para esta dôr passar,
diria antes, com o tempo doi mais,
com o passar do tempo crescem as saudades,
a falta que me fazes,
o passar do tempo,
é proporcional ao crescer da dor da tua ausência no meu peito!!

Precisava de um pouco de ti junto a mim,
para que pudesse doer menos,
como não me permitem estar na tua presença física,
(junto a ti estou todos os dias, isso ninguém me tira)
é um crescer desta angústia dentro de mim,
são lágrimas que me lavam o rosto é um sofrer sem igual!!

Sinto saudades de acordar ao som da catilena,
que só tu sabias dizer!
Quem me vai agora acordar a cantar para mim...

Todos os dias invariavelmente me fazes falta...

P.S: quem me vai acordar a cantar: "ribanta João, o solzinho esperto esta-te a esperar, ribanta joão, os passarinho canta..." levava-me á loucura esta cantilena ao acordar e agora queria tanto acordar de novo com a tua voz a cantar...

2 comentários:

  1. Como eu a compreendoe Cátia. A saudade é uma companheira de todos os momentos. A partida de um pai, ou de uma mãe, é o encerrar de um capítulo da nossa vida. Um virar de página que dói muito, minha amiga. Sabe-o tão bem quanto eu. Curvo-me perante a memória do meu amigo Artur e balbucio uma oração para que esteja num bom lugar, a olhar pela filah, como a fazia neste mundo.

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  2. Agradeço a oração e a memoria do meu pai!!
    Tem sido muito difícil esta perda... não consigo ainda aceitar, continuo revoltada por mo terem levado... não aprendi a viver sem ele, nem sei como isso se faz!!

    Espero que esteja a aceitar com mais serenidade do que eu a ausência da sua querida mãe!

    Um beijo grande
    Cáti

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