terça-feira, 30 de junho de 2009

Perda








Sinto-me profundamente triste,
mais triste ainda...
...cheirar-te, sentir as tuas mãos nas minhas...
enfim, tudo isso agudizou as minhas saudades...
Vim para casa deitar-me, ouvir as nossas músicas,
escrever, chorar...
Não sei como reaprender a viver sem ti,
a tua ausência dói...

Dói saber que te perdi,
dói saber que te quero, que te desejo,
dói esta certeza de saber que não és meu,
esta certeza de que não te tenho...
Dói mais pela certeza que também tu gostas de mim
e que também tu sofres, pelos mesmos motivos que eu,
pergunto-me que sentido faz tudo isto,
que sentido faz duas pessoas que se amam
estarem separadas,
que sentido faz a distância,
quando tanto nos liga,
tanto nos une,

Sei que esta dor que me sufoca,
que me machuca,
sei que esta dor que me dói
tem um propósito,
é o inicio de um processo de luto doloroso,
mas necessário,
necessário para te esquecer,
necessário para seguir em frente,
porque embora neste momento não faça sentido,
teremos de continuar,
continuar a viver,
a acordar todos os dias,
viver,
neste momento a vida perdeu o seu sentido,
tudo se tornou triste,
tudo é melancólico,
tudo é angustia,
respirar também é sofrer,
pensar é sofrer,
ver é sofrer,
dormir é sonhar contigo...


Neste momento tudo és tu,
tudo é a tua ausência,
tudo são as saudades que te tenho,
tudo cheira a ti,
tudo é os teus olhos nos meus,
tudo é a tua voz,
tudo é o teu sorriso,
tudo és tu,
tudo é o meu sentir por ti,
tudo somos nós,
tudo é o nosso amor,
tudo é triste...

Queria mais que tudo,
queria mais que tudo ter-te nos meus braços,
olhar-te nos olhos,

sentir o teu amor no toque quando as tuas mãos me tocam,
queria (quero) beijar-te,

estar contigo uma última vez,
para que sabendo que a seguir não haveria mais,
pudesse saborear e aproveitar cada pedacinho de ti,
cada pedacinho de nós!!

Recordo-te com saudade,
recordo-nos com saudade,
com saudade te choro,
com saudade te adoro...


Cáti Frutuoso
12.11.2007

2 comentários:

  1. Impressionante. Não conheço muita gente que tivesse a coragem de apregoar assim o seu amor e a sua dor.É um poema de uma honestidade incrível.
    A Cátia "despe-se", sem preconceitos para gritar o que lhe vai na alma. Impressionu-me e comoveu-me. Que Deus lhe traga toda a felicidade que a Cátia merece. Um beijo.

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  2. Avô Guilherme,

    Eu quando escrevo é para expiar os meus fantasmas...aligeirar a minha dor...

    Não me é fácil desabafar sobre certas coisas mto minhas e nem sempre as pessoas têm capacidade de entendimento ou disponibilidade emocional para ouvir... E a escrita é para mim a forma mais sã de eu tentar libertar um pouco a angústia que por vezes me consome...

    Talvez por isso seja sempre tão intensa, pura e franca a escrita dos meus afectos!!

    Só tenho a agradecer por Deus me ter capacitado c esta habilidade que me dá tanto prazer!!

    Um beijo grande
    Cáti

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